25 de janeiro de 2004

Gostava de ser uma árvore...

O nevoeiro ainda não levantou… mas já sigo ver, claramente, a silhueta de uma árvore despida…Os ramos desenham uma teia por entre o branco da nuvem que se abateu sobre mim. Olhando mais em pormenor consigo decifrar uma ou outra folheca que teima em permanecer… Gostava tanto de ser uma árvore de folha caduca… Como era bom começar todos os anos de novo:
…todas as Primaveras, pequenas folhinhas, verdes muito verdes, brotavam dos meus ramos quase secos… depois, quando as pequenas folhas ainda cresciam…surgiam-me flores por toda a parte… pequenas, rosadas e muito frágeis, bamboleavam-se ao sabor do vento, perdendo uma ou outra pétala… E o seu cheiro, tão doce, suave… espalhava-se por uma vasta área chamando a mim uma imensidão de seres!!! Quebrava-se assim a solidão de uma estação… Com o calor vinham os frutos, cuja doçura alimentava todos aqueles habitantes de Verão que me ajudavam a enviar, para longe, pequenas cópias de mim…Chegava o Outono!! Vestia-me cheia de cores diferentes e…uma a uma, deixava cair cada folha, sem medo, sem pena… pois cada uma sentia o dever cumprido de trazer vida aos meus ramos secos e sós. Sorte das folhas… levadas pelo vento, visitavam lugares que nunca vi…voavam mais alto do que eu posso ser…e… (aquelas mesmo sortudas) acabavam num qualquer livro, perpetuando-se até que, alguém mais descuidado, as deixasse cair e desfazer-se em mil pedacinhos… Após tanta azáfama, quem não gostaria de descasar um pouco… e, afinal… O Inverno passa tão rápido!!!

Gostava mesmo de ser uma árvore!!! Se o fosse sabia que, depois do Inverno viria a Primavera… sabia que, depois da solidão viria a companhia…
Mas não sou… sou uma pessoa onde o Inverno já dura à muitos meses… onde a solidão é a única companhia… A nuvem grossa e triste que me envolve teima em não subir… Preciso do teu sol, do teu calor… preciso do teu amor para poder despontar desta invernia…

ss

20 de janeiro de 2004

Nevoeiro...

Numa manha de Inverno, algures por entre o nevoeiro, dei comigo a tentar imaginar um vulto de um tal D. Sebastião que me vinha salvar desta apatia...
É então que, vago momento de lucidez, me apercebi que já era demasiado crescidinha para acreditar nessas fantasias... Desiludida como o meu pragmatismo ocorreu-me criar um blog...
Um local onde pudesse escrever tudo aquilo que não te posso dizer... ou posso... Não posso!!!
Como gostava que lesses cada palavra que prometo escrever... Como gostava que fosses o tal D. Sebastião e me viesses salvar da dor de não te ter...

promete-me que vais ler...

ss

 
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