29 de julho de 2009

Magic Position

So let the people talk
It's Monday morning walk
Right past the fabulous mess we're in
It's gonna be a beautiful day
So do the bluebirds sing
As I take your hand
And you take my kiss
And I take the world
'Cause out of all the people I've known
The places I've been
The songs that I have sung
The wonders I've seen
Now that the dreams are all coming true
Who is the one that leads me on through

It's you
Who puts me in the magic position, darling now
You put me in the magic position
To live, to learn, to love in the major key

And I know how you've hurt
And been dragged through the dirt
But c'mon get back up
It's the time to live
So give your love to me
I'm gonna keep it carefully
Deep in the treasure chest below my breast
'Cause out of all the people I've known
The places I've been
The songs that I have sung
The wonders I've seen
Now that the dreams are all coming true
Who is the one that leads me on through

It's you
Who puts me in the magic position, darling now
You put me in the magic position, darling now
Let me put you in the magic position, darling
'Cause I'm singing in the, the major key

Let me put you in the major key
Patric Wolf

Foi tão bom... Posso repetir?
Não.

ss

20 de julho de 2009

Walking (On The Moon)

Caminhar para casa.
A minha casa onde, qual toureiro, enterrei a bandeira da primeira noite.
Caminhar para casa, agora sim, a minha casa.

Giant steps are what you take
Walking on the moon
I hope my legs don't break
Walking on the moon
We could walk forever
Walking on the moon
We could live together
Walking on, walking on the moon

Walking back from your house
Walking on the moon
Walking back from your house
Walking on the moon
Feet they hardly touch the ground
Walking on the moon
My feet don't hardly make no sound
Walking on, walking on the moon

Some may say
I'm wishing my days away
No way
And if it's the price I pay
Some say
Tomorrow's another day
You stay
I may as well play
The Police

18 de julho de 2009

Long Time Ahead Of Us

Bad luck
Bad luck you come for me
And the days are only getting shorter

When you come
Come along in the evening
And leave me in the middle of the night

Take me tonight as I am
Leave me the way I was found

Moonlight
Oh, moonlight help me sleep
There’s far too much weighing on my mind

The stars
In the night sky
Yell at me

Oh and shadows to my left
And to my right

Oh and tomorrow will rise
And the sky will be bright
Long time ahead of us
Goodnight
I’ll never change
Now that I got you
The Walkmen

Perguntas-me se penso em ti.
Penso e sinto-te a falta muitas vezes.

Como hoje, enquanto tomava banho com as colunas de som a encherem-me a manhã daquele sorriso embriagado que nem sei de que felicidade vem.

ss

13 de julho de 2009

Não mais.

Tal como naquela noite, as lágrimas escorriam-lhe como rios furiosos cara abaixo. Sabia exactamente onde lhe doía. E sabia que não estava ao seu alcance o alívio destes punhais que agora a penetravam impiedosamente. Não estava ao alcance da sua vontade, da sua súplica o fim do sofrimento. Ao pensamento vinha-lhe aquela frase que um dia leu num daqueles livros velhos que o avô recomendava: “Todos somos responsáveis de tudo, perante todos”.
Mas que teria ela feito e a quem o teria feito para ser dela tamanha responsabilidade? A culpa chegava-se, rastejando. Sabia que tinha sido ela a sonhar aquela viagem. Fora ela, ninguém mais, quem passara horas em frente de mapas e guias para preencher o mais possível aqueles vinte e um dias. Vinte e um dias parecem uma eternidade quando se têm punhais cravados no peito. A culpa continuava, sorrateira, a pressionar o metal para que nunca deixasse de lhe doer.
Era dela aquela responsabilidade, via-o agora claramente. Naquela noite, quando a aconchegou nos braços e lhe pediu com toda a sua vontade que ficasse, era já a culpa do abandono que a matava. Depois de tanto que dela tinha recebido estava a abandona-la para morrer sozinha.
No caminho para casa, por entre soluços e penas tinha decidido a fazer justiça à frase do livro do avô. Fazer-se responsável! Nesse dia decidiu privar-se, até data indefinida, de algo que lhe era quase natural fazer. Teve fé que o sacrifício a tornaria responsável, pelo melhor, esperava. Pelo que tanto desejava. Não fez e não fez e não fez. Estava tudo ali á distância de um dedo e mesmo assim ela não o fez. Foi forte, foi dura, foi mártir pela sua causa.
Durante a viagem, perante a imagem avassaladora de um Homem que, também ele, se sacrificaria pela sua causa, prometeu. Renovou os votos da promessa. Quis muito. E continuou sem fazer, não o fez nunca mais até à volta.
E no regresso, no abraço doente do regresso, tudo o que ela tinha pedido, tão fortemente desejado… Tudo pelo que se tinha sacrificado estava ali. Ela acreditava agora que era sua a responsabilidade daquele abraço ainda vivo. Tinha conseguido. Era tão dela como sua aquela vitória. Aquele abraço. Aquele calor, aquele olhar transbordando ternura como nunca mais viu. Era dela, porque teve força e vontade e sacrifício.

Estava decidido. No calor de uma noite de domingo. Neste Verão depois de três anos, estava decidida a não mais o fazer. O sacrifício estava à mesma distância. O mesmo dedo a separava de tudo quando era preciso fazer para ser responsável pelo que tanto desejava agora. Foi à varanda; fumou o único cigarro da semana. Sorriu, chorou e olhando aquele firmamento estrelado igual ao que a viu crescer, prometeu. Privar-se-ia a partir daquela noite. Todas aquelas areias cintilantes do deserto de escuridão que era aquela noite foram suas testemunhas. Não mais, nunca mais, até regresso nenhum. Acabar com aquilo. Sacrificar a curiosidade sórdida que se lhe havia povoado a alma. Renunciar ao conhecimento penoso. À náusea da injustiça.
Na verdade o que se propunha não era um verdadeiro sacrifício. Era-o para ela, sim; mas não para a sua alma. Sacrifício era continuar naquilo. Mas estava acabado. Em definitivo. Era o fim.
Nessa noite, ontem, tornou-se responsável de tudo, perante todos. Perante si.

ss

8 de julho de 2009

Aquele Livro nesta manhã.

Hoje acordei cedo demais e com uma passagem daquele livro na cabeça:

Estava curado - mas não feliz.

Adoro mesmo aquele livro que já adquiri num alfarrabista sexy do Porto e cujo original também já comprei numa Fnac parisiense!
Não vejo a hora de o ler, em francês, na minha varandinha soalheira!

Ler livros, bons livros, é um vício.
Mais forte que isso só roer as unhas
e os dedos.

ss

2 de julho de 2009

Outra vez a minha Maria

Tinham ficado os planos para Junho. Eram planos delineados com carinho, o mesmo carinho que nos fez sair de casa, cheios de sono para nos fazermos à estrada. Novamente até à Régua. Por esse serpentear do rio, esse verde de vinha farta de folhas.
Em Maio a tia estava doente. A gripe atacava-lhe o corpo velho e fraco. Mas a fé? Essa era inabalável. A tia, a minha tia Maria, tinha uma promessa à nossa senhora dos Remédios. E a tia, a minha tão terna tia Maria, não queria morrer sem pagar a promessa que tinha feito. Disse-o assim, com esta capacidade de desprendimento da vida. Esta tia que eu nunca tinha ouvido falar do fim. Esta tia que eu pensava que nem tinha fim…
A promessa era dura demais para ser cumprida por alguém com aquela idade. A promessa era tão dura quanto a vida lhe foi. E ela aguentou. Insistimos,ainda assim, que aquele sacrifício de joelhos é demasiado para a idade dela. Que a Santa decerto compreenderá que a promessa seja paga por outra pessoa. Mas àquela tia ninguém a demove, ninguém lhe tira da ideia o que ela já tem na ideia. É teimosa, é rija e, mais que tudo, tem fé.
Eu tinha saído de casa preparada para fazer de joelhos os metros ou quilómetros que fossem necessários. Fá-los-ia com fé na fé da tia. Não há em mim fé na Santa. Nem nesta, nem em qualquer outra. Sou uma pessoa de esperança, mas não uma pessoa de fé. Não era muito o que tinha para oferecer à tia… Mas pedi-lhe, roguei-lhe que me deixasse pagar por ela a promessa que tinha feito. Que pagaria com gosto e com essa tal de fé. Que o faria porque gosto dela, muito, e porque o sacrifício a que se propunha era um sofrimento para mim.
Mas a esta tia ninguém a demove. Ela acha que pode. Ela pode, e por isso quer e vai fazer o que prometeu, independentemente do que lhe possa doer…
Apertei-lhe, com uma guita, um pano grosso à cintura (tão fina). E aquele corpo velho, magro e cansado ajoelhou-se diante de mim. Só a minha mão, era o que ela queria, uma mão e uma companhia. Não queria pena ou pesar. Queria uma mão. E eu dei-lha, apertei-lha e senti-a penar a cada passo do seu sacrifício.
Fiz todo o caminho ao lado dela. Senti no braço o fraquejo das pernas cada vez que havia um degrau a subir. As lágrimas caíam-me sem ela ver. Caíam e caíam porque nada mais eu podia fazer do que dar-lhe a mão. E o meu coração apertava-se. O do meu pai também. Ele que caminhava ao lado da tia, em pé, mas sentindo a mesma penitência.
Que força é esta que move uma velha de 80 anos perante tamanho sacrifício? Que força é esta a da fé? Tudo isto é incompreensível aos olhos de quem não acredita, de quem não sabe, nem sente o que é a fé. Mas não deixa de ser comovedora e até inspiradora esta luta com o corpo. Esta fé no sacrifício…

Foi inesquecível esta viagem a Lamego, esta viagem ao munda da tia Maria. Da minha tia Maria. E voltar àquele vale, àquela vinha, às flores e às sementes já separadas para mim (ainda que ela saiba que agora estou em França! A tia não se esquece de nada). Tudo isto, todo este dia, em família, volta a encher-me a alma de qualquer coisa que não sei nomear mas que poderia ser fé na vida.
A Maria, a minha (tão inspiradora) tia Maria sabe já de cor os dias das eleições:
- Calha nas Vindimas as pró governo
E vai votar (se Deus quiser, diz ela) que não se deixa para os outros a decisão.

A minha tia Maria tem mais planos:
- Fazer o Douro de barco até Espanha, interessa-vos?
Eu tenho uma tia.
E tenho fé (à minha maneira).
Fé que a vida nos vai permitir mais uma viagem.

ss

 
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