8 de setembro de 2005

Fogo, Sonho & Morte à 3 Milhões anos

Por estes dias tenho andado a estudar uma disciplina cujo nome é Evolução Humana. Desde os mais pequenos primatas às tão famosas formas de Australopithecus e Neandertais, houve uma imensidão de novos comportamentos que surgiu. Aos reles alunos, como eu, pede-se que estudem as várias teorias que os grandes paleontólogos construíram. A título de exemplo, tenho de saber quais os primeiros hominíneos a efectuar enterramentos, ou quais aqueles que pela primeira vez conseguiram o domínio do fogo. É engraçado quando vemos que o fogo está relacionado com uma maior segurança, o que permitiu aos nossos antepassados começar a sonhar durante o seu sono, que se tornou mais sereno… Depois do sonho veio a arte, mais tarde a religião, a linguagem… a ciência.
Os cérebros começaram a desenvolver-se… Cada indivíduo tinha agora uma consciência de si próprio, regendo-se por regras ditadas por alguém da mesma espécie. Esse alguém começou por ser o “macho dominante", escolhido por ser o mais forte, depois por ser o mais sábio, e mais recentemente por ser o mais “esperto”. Criaram-se divindades que só alguns (talvez os mais espertos…) podiam representar. Veio a linguagem, e as primeiras mentiras. A selecção natural tratou de eliminar aqueles que mais facilmente se deixavam enganar, e aqueles que não tinham grande vocação para essa arte que é a sobrevivência. Enfim… como alguns dos nossos antepassados não tiveram grande tempo para conhecer este planeta tão simpático, surgiu, num qualquer elemento do género Homo, a ideia de uma outra vida… (Como eu gostaria de conhecer esse cérebro iluminado!!). A partir daí iniciaram-se os primeiros enterramentos (há que conservar o corpinho!). Juntamente com o corpo também eram enterradas ferramentas do seu trabalho, comida e em alguns casos as suas companheiras. Por esta altura da História ainda não se conhecia a monogamia! Há também indícios de que já se sofria pelos mortos, as lágrimas já corriam pela face (um pouco mais peluda e prognata é claro) daqueles que se tinham ficado, ainda, pela primeira vida. Ora se os nossos antepassados acreditavam na existência de outras vidas, porquê chorar por um nosso companheiro que já tinha avançado para a segunda? Um pouco incoerente, não? Pensando um pouco melhor vejo que, também nos dias de hoje, há quem acredite numa outra vida… Mas ainda assim toda a gente chora um pouquinho (ou muito!) quando morre alguém de quem se gosta.
De repente surge-me a palavra Saudade… Talvez há 2,5 M. anos já se soubesse o que era saudade, já se sentia essa dor aguda de perder aqueles com quem mais gostávamos de partilhar os dias.
E agora sim, ao fim de muitas linhas chegamos onde eu queria:

É que estes anos todos de Evolução permitiram coisas tão incríveis como chorar a morte de alguém que nunca existiu, e ter saudades de um sonho que morreu.

Maldito fogo… que nos ensinou a sonhar!!

ss

 
Site Meter