5 de dezembro de 2004

Flutuações

Uma inexplicável nostalgia fez-me olhar para o meu blog e ver nele reflectidas algumas das emoções que agitaram a minha vida neste (quase) ultimo ano. Foi bom ver como tanta coisa mudou e como tanta outra ficou na mesma… Tenho flutuações escritas para diferentes nuvens, até porque as nuvens passam com o vento… e já vivi grandes tempestades. Mas todos os ventos que passaram não foram suficientes para acabar com uma pequena casinha de madeira, junto a uma árvore (onde um dia quiseste escrever o nosso nome e eu não deixei), que sobrevive sempre. Não é a casa dos meus sonhos, nem sequer é muito confortável… Mas nunca caiu, nenhum vento foi capaz de a destruir… Está com um aspecto cuidado, mas não é habitada, está fria.
Decido entrar. A medo empurro a porta... É só um quarto… a janela está fechada e as frinchas da persiana deixam entrar só um pouquinho de luz. Sento-me no fundo da cama e fico a tentar perceber o que há de diferente neste quarto… Fico a relembrar um outro quarto, numa outra casa que, apesar de toda a força que fiz para a manter de pé, caiu…
Descubro que a diferença não está no quarto, mas no tempo… que não volta. E se voltar, encontrará pessoas diferentes...

ss

1 de dezembro de 2004

Crónicas Enson(h)adas

Acordei com o vento a empurrar a tua janela. Espreitei o relógio: ainda era cedo... O teu quarto era invadido por raios de sol que passavam através das frinchas da persiana. A luz, ainda muito ténue, era suficiente para que (te) pudesse ver. Recordo-me percorrer o teu perfil... de decorar todos sinaizitos da tua cara... Sei de um que me fez sorrir! Lembro-me de adorar todas essas pequenas (im)perfeições... Nunca te disse mas foi nesse momento que me apaixonei por ti. Foi nesse dia que todas as minhas defesas se renderam à evidente certeza de que eras a pessoa mais bonita do mundo... para mim!! Fiquei a ouvir-te respirar e a ver o lençol elevar-se, muito levemente, a cada inspiração tua. Tive vontade de te acordar só para te dizer o quanto gostava de ti... mas não o fiz. A incerteza do teu sentimento fez-me temer parecer ridícula. O meu medo de me dar voltou e fez-me virar para o outro lado da cama. Fechei os olhos. Pensei que precisava de aproveitar as duas horas de sono que me restavam. Mas o sono não vinha. Pensei em nós... ou na possibilidade de um "nós". Imaginei-nos apaixonados.......... Virei-me para ti e sussurrei ao teu ouvido: Amo-te... Fechei os olhos e adormeci. Só muitos dias depois me apercebi que essa tinha sido a primeira (e única) vez que tinha dedicado essa palavra a alguém... Ainda que a minha cobardia nunca me tivesse permitido dizer-to directamente, a verdade é, que nunca antes tinha sentido, sequer, a necessidade de o dizer a ninguém.

Hoje, ainda muitos mais dias depois… Exactamente 52 dias depois de ter escrito estas palavras, continua a vontade de te dizer… não que te amo… mas que te amei… E dizer-te como me sinto triste, porque sempre acreditei que amar só me aconteceria uma vez.

ss

 
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