31 de outubro de 2004

É tão bom voltar!

Voltaram as tardes húmidas e tristes que me fizeram criar este blog. Voltou o frio, a chuva... Aqueles momentos adoráveis de duas miúdas em cima da cama, os olhos fechados, os pés em cima do velho aquecedor a óleo... e a partilhar um gelado ao som de Sigur Rós no volume máximo!! As sessões de filmes até as cinco da manhã, com as pipocas, as mantinhas quentinhas com aquele padrão de xadrez vermelho, a lareira acesa... É tão bom voltar!!

Em duas semanas as árvores envelheceram... o caminho que antes era verde, agora está repleto de tons de castanho. Há pedaços de folhas a esvoaçar por todo o lado. É por isso que eu gosto tanto do Outono... também eu gostava de me espalhar assim... Talvez dessa forma me conseguisse encontrar...

Em duas semanas mudou tanta coisa!! Mas continuo a construir-me e.... hoje sinto-me tão mais EU! Como é bom voltar...

ss

15 de outubro de 2004

Egoíte Aguda!!

Só hoje me apercebi do tamanho do meu egoísmo... Bolas!!! Tem sido tão grande que sufocou qualquer possibilidade de (sequer) conversarmos sobre os TEUS problemas! Combinavas encontros... e eu despejava as minhas tormentas, duvidas, exigia-te uma opinião... pedia ajuda, chorava... preocupava-te... Tudo isto sem nunca te perguntar se estavas bem... se te apetecia ouvir-me, se precisavas de alguém!!

Como pude faltar à pessoa que esteve SEMPRE lá!! Que NUNCA me disse um não... que ficou noites inteiras a aturar as dúvidas existenciais desta doida. Agora vejo que, no fundo, tenho tudo para ter uma vida fácil e feliz... mas que teimo em complicar!

Perdoa-me por nunca me ter preocupado, seriamente, contigo... Perdoa-me... E lá volto eu a pensar só em mim!! Não, não me deves perdoar... Eu falhei! É certo que não sabia o que se passava... mas também não procurei saber! Oh... Falhei de forma tão feia e egoísta!

ADORO-TE!! Este Post é para ti, PEDRO FILIPE FERREIRA (Ernestu), que me ajudaste a pôr este blog, tal qual eu o queria... Que me seguraste de pé quando (quase) caí!...

Quebrei o luto... é esta a homenagem, merecida, mas não suficiente... que há muito já devias ter recebido!! Prometo melhorar...

SS

9 de outubro de 2004

Experiencias II

Há uma pequena luz... muito ténue, que te faz despertar. Não te sentes! Queres abrir os olhos, mas os teus músculos, não respondem. Precisas tanto saber onde estás... saber se , realmente, foi o fim... ou se te deste uma outra (quem sabe a última) oportunidade! Ouves vozes a tua volta...e, uma a uma, vais reconhecendo cada uma das pessoas que te rodeiam. Estão tão perto, quase dentro de ti!? Vais recordando, em imagens breves, os melhores momentos que tiveste com todas elas... As fugas de casa as 4 da manhã para ver as estrelas! As noites passadas na rua a tentar imaginarmo-nos daí a 20 anos. As primeiras chuvas de Outono a que não fugimos.... os cabelos molhados! As viagens... as noites mal dormidas... os temporais. Veneza!! As melhores festas. Os segredos guardados para sempre... os beijos escondidos... as confissões. O primeiro beijo completamente apaixonado, rendido... Os olhares, a amizade... a paixão... e quem sabe o amor?
É tudo tão precioso... tão inesquecível, que uma enorme vontade de continuar invade cada célula do teu corpo... Vais voltando a ti, tão lentamente que tens tempo para saborear a cada pedaço da luz que voltas a ver. Encontras-te. O local é familiar... mas continuas a sentir-te tão perdida! Tenho o que preciso... mas sinto falta de ti. Quem és tu? Não quero nada, mas sinto falta de quase tudo. Paro... Não quero cair outra vez. Não me deixo cair de novo, mas é tarde... já me perdi de mim!!! Vou deambulando por caminhos conhecidos e cansados de serem palmilhados... Sabes que por estes trilhos não encontras nada do que procuras... mas afinal o que é que eu procuro??? Procuro-me, procuro-te...

Recordo... "Silvinha, a felicidade é algo que se constrói, não podes ficar a espera de ser feliz se nunca fizeres algo por isso!".

E eu fiz! Eu tenho procurado... indagado... Talvez este seja o verbo errado... A minha vida tem sido um procurar... e talvez deva ser um construir! Mas será que posso construir-te? Ou devo construir-me para um dia estar a altura de te encontrar? E se precisar de ti para me construir? E se não existires... se já te deixei escapar... se nunca te conhecer?

Hoje é o primeiro dia desta construção... Partimos do zero mas não há limite...

ss

3 de outubro de 2004

Experiências I

Depois de tanto tempo, de tantas linhas rasgados ou guardados em gavetas fundas… (daquelas onde pomos tudo que queremos esquecer mas que não temos coragem de eliminar), parece que as palavras voltaram a fazer sentido… Ou talvez não…Talvez só agora tenha encontrado coragem para reagir a uma verdade que no fundo sempre soube.

As vezes precisamos ir ao fim do mundo para aprender dar valor ao que sempre esteve aqui bem pertinho!! Dar uma volta inteira sobre nós próprios… experimentar dias áridos como um deserto, em que o silencio nos sufoca e só temos por companhia uma imensa solidão… Ficar deitada a olhar um sol que te parece consumir, secando todas as possibilidades de te encontrares! Esperar… desesperas!! Deixas escapar uma lágrima que não chega a cair… eleva-se num corpo transparente que vai iniciar um novo ciclo. Cerras os olhos e rolam mil outras nuvens de tristeza, que, sem dares por nada, provocam uma tempestade tropical! Experimentam-se, então, dias de turbulência, em que ventos adversos sopram a restiazinha de esperança que ainda não tinha escapado. Cai uma chuva que te trespassa... Ficas à chuva… horas e horas… Sentes uma incompreensível felicidade… Sorris! Sorris ainda mais quando te apercebes que já não o fazias à tanto tempo!! Abres os braços e rodas, tentando fugir as gotas de chuva… cada vez mais escassas! Olhas em volta, procurando algum olhar reprovador, mas não há ninguém, só uma lua gigante que te faz sentir pequena, tão pequena… quase insignificante! Paras de rodar… sentes o corpo a deixar-te… tentando rodar num outro sentido. É o fim!?
Deixas-te cair…

ss

 
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