17 de abril de 2006

Fotografar

Qual será a distância máxima entre a verdade e a realidade? É verdade que aquela linha longínqua do horizonte separa os verdes dos azuis, a água do ar… Mas por mais que corra, viaje, navegue não posso nunca tocar-lhe… apreciá-la mais de perto! Vai ser sempre assim fugidia e inatingível. Irreal!! E todo aquele brilho cintilante me parece um manto de diamantes que gostava de puxar e usar como refúgio. O vento sopra constante, criando a ilusão de um abraço apertado e envolvente. As nuvens flutuam como se fossem farrapinhos de algodão dispostos ao sabor da brisa.
Vidrada na perfeição de cores combinadas pelo pincel mais perfeito, fico a imaginar como seria delicioso ver esta praia reflectida nos teus olhos. E num pequeno toque aprisiono, para sempre, o enrolar de uma onda nesta tarde ensolarada; em menos de um segundo tenho todas as cores transformadas em pequeninos pixeis que a noite não pode levar.

Continuo, boquiaberta, a encher-me da emoção das cores, dos brilhos, dos cheiros. Ouvindo os sons repetidos da água que refresca os meus pés descalços. Salpicos de luz vão molhando-me o vestido branco. Uma onda maior arrasta a areia e o chão parece mover-se… mover-me de encontro à água, tão verde! Sorrio e deixo que a água me pinte a roupa em tons de mar, que as ondas me embalem a alma e que a maresia me devolva as lembranças desta praia: a minha praia.

ss

2 de abril de 2006

Terapia da Tristeza

Depois de tantos dias de uma felicidade inexplicavelmente louca e contagiante, até um dia menos feliz me parece triste. Abandono-me na cama e imagino a tua mãozinha branca a separar-me o cabelo em pequenas mechas e a penteá-lo até que nenhum fio esteja desalinhado. Posso ver-te a cara de consternação por não saber o que me dizer, por que sentes, como eu, que esta tristeza não tem outro sentido senão aquele que eu lhe teimo dar. Continuas a entrelaçar os dedos pelo meu cabelo e olhas-me com a ternura de quem o acha incrivelmente bonito. Sorrio quando imagino o franzir da tua sobrancelha a adivinhar o meu “Bahh, bonito o meu cabelo?! É porque sim”. Conheces-me tão bem…
Recosto-me entre os lençóis e imagino-te a cantar, baixinho, so para mim.

“It isn’t very dificult to see why
You are the way you are.
Doesn’t take a genius to realise
That sometimes life is hard
It’s gonna take time
But you’ll just have to wait
You’re gonna be fine
But in the meantime

Come over here lady
Let me wipe your tears away
Come a little near baby
Coz you’ll hael over
Heal over
Heal over someday

And I don’t wanna hear you tell yourself
That these feelings are in the past
You know it doesn’t mean they’re off the shealf
Because pain is built to last
Everybody sails alone
But we can travel side by side
Even if you fail
You know that no one really minds

Come over here lady
Let me wipe your tears away
Come a little near baby
Coz you’ll hael over
Heal over
Heal over someday

Don’t hold on but don’t let go
I know it’s so hard
You’ve got to try to trust yourself
I know it’s so hard, so hard

Come over here lady
Let me wipe your tears away
Come a little near baby
Coz you’ll hael over
Heal over
Heal over someday”

(KT Tunstall)

É incrível como esta música se aplica às duas. Uma sempre com a outra. De amiga para amiga.

ss

 
Site Meter