25 de junho de 2007

Flutuo

Flutuo, consigo deslindar o meu gosto sem esforço
Balanço é o que a maré me dá e eu não contesto
O meu destino está fora de mim e eu aceito
Sou eu despida de medos e culpas, confesso

Hoje eu vou fingir que não vou voltar
Despeço-me do que mais quero
Só para não te ouvir dizer que as coisas vão mudar
amanhã

Flutuo, consigo deslindar o meu gosto sem esforço
Balanço é o que a maré me dá e eu não contesto
Amanhã, pensar nisso sempre me dá mais jeito
Fazer de mim pretérito mais que perfeito

Hoje eu vou fingir que não vou voltar
Despeço-me do que mais quero
Só para não te ouvir dizer que as coisas vão mudar
amanhã, amanhã

Hoje eu vou fugir para não me dar a vontade de ser tua
Só para não me ouvir dizer que as coisas vão mudar
amanhã, amanhã, amanhã
Flutuo

(Susana Félix)

Para (re)começar, nada melhor que uma música que, para mim, é perfeita!!!

SS

24 de junho de 2007

Amor Perfeito

As vezes a falta de tempo atropela-nos os dias e não há instantes para reflectir sobre os sentimentos que teimam em passar por mim a 200 quilómetros horários. Há muito que precisava desse tempo. Queria-o para mim, para me ver ao espelho: neste espelho reflector que é o meu “cadernito antigravidade”.
Aproveito cansaço dos Santos Populares para me sentar, como tanto gosto, de “pernas à chinês” sobre a cama. Olho para a folhagem de verão, no seu verde forte (longe daquele verdinho fresquinho da Primavera), que se estende para lá da minha janela. Foram estas mesmas árvores que num dia de Inverno me fizeram ter vontade de escrever. Os ramos despidos que apareciam por entre um nevoeiro cerrado faziam-me desejar uma mudança.

Mudar. Será possível uma pessoa mudar sem perder a sua índole natural. Não sei bem se gosto da palavra mudar. Sempre preferi a palavra recomeçar. É que na palavra mudar está implícito um erro: “se vou mudar é porque este caminho está errado, ou não me leva ao meu objectivo”. Mas estará de facto errado? Temo parecer teimosa, casmurra... O problema é que não há em mim esse sentimento do “errado”... Não acho que deva mudar. Porquê contentar-me com uma solução intermédia se continuo a acreditar na perfeição? Continuo a querer apenas a perfeição. Não, não me chega um amor bom, eu quero um amor perfeito, um amor que se enquadre nos cânones da perfeição romântica. E não vou mudar, recuso-me! Vou antes continuar a recomeçar de cada vez que falhar.

Mas o que é um amor perfeito?
Pode ser um flor muito bonita que já tratei de estudar até ao mais pequeno pormenor (velha promessa de criança) e que adoro guardar no meio dos livros que mais gosto.
Pode ser um sonho, uma utopia de alguém que continua a acreditar na perfeição.
Amor perfeito, para mim, não significa intervenientes perfeitos ou relações perfeitas. Amor perfeito é isso mesmo: perfeito, porque as duas pessoas que o constroem não poderiam gostar mais uma da outra. Amor perfeito ocorre quando a conjugação do sentimento é total, como se resultasse de um vaso partido, cujos cacos se encaixam “na perfeição”. As vezes quando o vaso se parte, sobram pequenas poeiras de cerâmica que impedem que as peças se encaixem na totalidade. Há hiatos, pequenas falhas que estragam todo o resultado final.
Perde-se a perfeição.
Morre o amor.
Um amor perfeito faz-se de um material intocável: de amor! É ele que não deixa o vaso quebrar-se em pedacinhos pequenos e irrecuperáveis. Um amor perfeito não é um vaso inquebrável! Continuando a metáfora, o amor perfeito é um vaso que, não importa quantas vezes se parta, volta à sempre ao seu aspecto inicial: perfeito. Sem fissuras nem pontos fracos. Sem marcas. O amor perfeito é feito desse material imaculado que é a confiança. Amor perfeito é aquele que não muda! Que se pode recomeçar... mas que não muda!

Tudo isto para dizer que estou a recomeçar! E que como objectivo não tenho nada menos que um amor perfeito!

PS1 - Achas possível?
PS2 - Eu acredito que é!

ss

 
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