Tum-turum-tummtum
Eu e o António nunca nos conhecemos pessoalmente. Eu já o vi duas vezes, mas ele nunca me viu, ter-me-á sentido na euforia das palmas que lhe dediquei. Mas o António que não nunca me viu está na minha vida desde que me lembro dela, e esta música em particular, interpretada por ele, faz-me flutuar.
Não me é possivel evitar levantar os braços e balançar a cabeça de um lado para o outro sentindo os cabelos roçarem-me nos ombros despidos. E cantarolar sons tão vazios de palavras como cheios de emoção. Franzir o sobreolho e ter tiques de artista ao sentir a alma voar para um lugar azul e ameno. Fazer as pontas dos dedos dormentes deslisar nos braços arrepiados da saudade. De casa, da juventude, do gira-discos velhinho, da agulha teimosa que sabia tão bem o seu caminho para o Tom Waits…
Sou verdadeiramente apaixonada por esta música.